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O Nascimento de um Rejeitado

  O vento uivava entre as árvores retorcidas da Floresta Podre, carregando o fedor de carne decomposta e mofo. Era um lugar onde apenas os desesperados ou os condenados se aventuravam—e, é claro, os goblins.

  Raggok veio ao mundo como todos os outros de sua espécie: envolto em sangue e sujeira, em meio a um ninho de trapos e ossos. Sua m?e, uma fêmea de dentes amarelados e olhos famintos, olhou para ele apenas uma vez antes de rosnar em desdém.

  — Fraco.

  Era tudo o que precisava ser dito.

  Enquanto seus irm?os de ninhada já mordiam e arranhavam uns aos outros, Raggok mal conseguia se arrastar. Sua pele era mais pálida que o verde musgoso típico de sua ra?a, e seus olhos—grandes e dourados—brilhavam com uma estranha lucidez que nenhum goblin normal possuía.

  Aos três dias de vida, a tribo já havia decidido seu destino.

  — Joguem-no no po?o dos vermes, ordenou o chefe, um goblin cicatrizado com chifres quebrados. — N?o há lugar para fracos aqui.

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  Raggok nem mesmo chorou quando o arrastaram para a borda do po?o escuro, onde criaturas rastejantes devoravam os indesejados da tribo. Ele apenas olhou para cima, para o céu noturno entre as folhas, e pensou que as estrelas pareciam... bonitas.

  Foi ent?o que uma voz rouca e cansada ecoou na escurid?o.

  — Espere.

  Um vulto surgiu entre as sombras—um humano, ou pelo menos algo que já foi um. Seus cabelos eram brancos como os ossos que pendiam de seu cinto, e seus olhos, t?o afiados quanto uma faca, fixaram-se no pequeno goblin.

  — Este n?o é apenas mais um deles, murmurou o estranho.

  O chefe goblin rosnou, mas uma m?o ossuda se ergueu, e de repente o ar cheirou a queimado. Os guerreiros da tribo recuaram, sibilando em pavor. Magia era algo que até mesmo os mais estúpidos goblins temiam.

  — Eu o levo, disse o velho. — Ou vocês podem discutir com o fogo.

  Nenhum deles discutiu.

  E assim, Raggok foi carregado para longe do único lar que conhecera—um lar que nunca o quisera. O velho o envolveu em um manto surrado e olhou para ele com uma express?o que o goblin nunca vira antes em nenhum rosto.

  — Você é pequeno, disse o humano. — Mas o menor dos carv?es pode incendiar uma floresta.

  Raggok n?o entendeu as palavras, mas algo dentro dele—além do instinto de sobrevivência, além do medo—aqueceu-se.

  E pela primeira vez, ele teve um nome.

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